Foi em uma quarta-feira, dia 9 de dezembro de 2015. Saí de Ouro Preto e segui para Belo Horizonte somente para buscar o resultado da biópsia. Havia marcado retorno à médica no dia 11, mas minha intuição gritava tão forte sobre o resultado do exame que eu não quis esperar.
Na estrada, chorei pela segunda vez, ouvia músicas e fui pensando em minha vida e no resultado. Em um determinado momento, enxuguei as lágrimas e disse a mim mesma: "Mas que bobeira, é fibroadenoma, menina! Você faz exames há cinco anos e sempre deram benignos, vai dar de novo!" Mas, imediatamente, veio a imagem do médico segurando minhas mãos, após a ultrassonografia, para me lembrar que desta vez eu não havia ganhado tapinhas nas costas e um simples "Vai com Deus, vai ser nada não".
Sabendo que eu iria buscar o resultado, mesmo eu dizendo que não era preciso, minha mãe saiu de Viçosa bem cedo, para estar em Belo Horizonte no horário em que eu fosse para o laboratório. Almoçamos juntas no Pátio Savassi e pegamos um táxi.
Chegamos rapidamente ao laboratório, mas tivemos que subir as escadas porque o elevador estava com defeito. Foi só um lance. Me apresentei para a recepcionista, que me entregou o envelope contendo o que aconteceria com a minha vida nos próximos meses.
Sentei, abri o laudo, desci os olhos para a conclusão e me deparei com a palavra 'carcinoma'. Com a vista embaçada, corri os olhos pelo papel, sem conseguir focar em nada. Neste momento, minha mãe já me olhava com os lábios entreabertos e os olhos arregalados e fixos, esperando por uma resposta.
Nao vou dizer nada. Pensei. Mas ela vai perguntar...
Então vou dizer que é benigno. Mas uma hora ela vai saber...
- Mãe, é cancer.
- Como assim?
- Vamos para a médica, vamos resolver isso.
A médica me atendeu dois dias depois. Após toda aquela conversa inicial, minha mãe perguntou sobre as chances de cura. A médica com a docilidade de sempre, respondeu:
- Quem cura é Deus. Nós médicos somos uns instrumento, temos o conhecimento técnico, fazemos o melhor que podemos.
Lembrei-me do ultrassonografista segurando minhas mãos e dizendo que o resultado da biopsia estaria nas mãos de Deus. Agora ouvia que minha cura também dependeria Dele.
Lembrei-me do filme " A Culpa é das Estrelas", que conta a história de dois adolescentes que lutam contra o câncer. Porém o que ficou para mim é que o Céu também tem o poder de curar.
O médico trata, o paciente luta, mas a cura, A Cura é das Estrelas!!!
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