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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

OUTUBRO ROSA - Minha visão sobre câncer de mama antes e depois da experiência.



E assim o mês de outubro passou cheio de fitinhas rosas por aí. Como nos anos anteriores, foi o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Vez ou outra ouço a palavra 'prevenção', que não me soa bem, uma vez que não é possível prevenir totalmente que o câncer surja, mas é sempre bom ajudar na conscientização para que, se surgir, não avance.

Pensando nisso, resolvi escrever um pouco mais sobre o assunto, comparando minhas visões de antes e depois de ter tido câncer. Não deve ser uma fonte de referência sobre o tema, até porque não sou especialista e estou com preguiça de copiar informações do Google, e sim um partilha, o que já pode ser bastante útil.

Minha visão sobre o câncer de mama antes de vivenciá-lo: antes de ter câncer de mama, não entendia a necessidade de se dedicar um mês somente a ele, se existem tantos tipos de câncer por aí. Achava que fosse um câncer bonzinho, já que ninguém respira pela mama, pensa pela mama, faz digestão ou se movimenta pela mama. Pensava que o tratamento fosse quimioterapia, cirurgia e radioterapia, somente, e que o corte da cirurgia tinha  tamanho suficiente para remover o tumor e pronto: Livre estou! Livre estou! Não fazia ideia de como era a radioterapia e nem sabia que existia hormonioterapia. Não conhecia a relação câncer de mama x gravidez ou a relação câncer de mama x braço.

Minha visão sobre o câncer hoje em dia: Existem vários tipos de câncer de mama e tratamentos diferentes para cada um deles . Ainda que duas pessoas tenham o mesmo tipo de câncer de mama, eles se comportam de maneiras distintas. O câncer de mama, se não tratado, pode espalhar pelo corpo. Se tratado também pode, porém com menos chances. Começa atingindo os linfonodos e depois se espalham para outras partes do corpo como ossos, fígado, cabeça, o que chamamos de metástase. É de longe o mais comum entre as mulheres, e o que mais mata também, por isso a importância de se dedicar um mês inteiro a ele. De bonzinho ele não tem nada, é extremamente agressivo, infelizmente vi pessoas morrendo após lutarem bastante. Igualmente agressivo é o tratamento, dependendo do grau em que o câncer se encontra. Quanto mais cedo é descoberto, menos agressivo é o tratamento e maior é a chance de cura. O tipo de cirurgia varia de acordo com o tamanho do tumor, sua quantidade, localização e outros. Com minhas andanças e conversas com mulheres por aí, só conheci uma que teve um corte de tamanho suficiente para remover o tumor, a maioria passou pela quadrantectomia, quando é retirado um quadrante da mama, que pode incluir os mamilos, ou mastectomia definitiva, quando a mama é removida totalmente, tipo o da personagem da Sônia Braga em Aquárius (Spoiller!). Além da mama, pode ocorrer a dissecção dos linfonodos da axila, caso os mesmos tenham sido acometidos. Essa dissecção pode ser parcial ou total. No caso da dissecção total, para evitar o linfedema, a mulher terá que tomar cuidado com o braço, mãos e dedos do lado operado, para o resto da vida. Nunca mais ela poderá medir a pressão, tirar sangue, e terá que evitar cortes, picadas de insetos e até mesmo tirar cutícula. As atividades também ficarão limitadas para sempre, pois não é recomendável pegar peso, nem fazer esforço repetitivo com o braço. Fui operada no dia 27 de julho, hoje são 28 de outubro e o meu braço ainda não levanta, está dolorido, dormente e bastante fraco, mesmo fazendo fisioterapia. O tratamento varia muito, quando o câncer é descoberto no início, às vezes a pessoa nem precisa passar por quimioterapia, faz uma pequena cirurgia e poucas sessões de radioterapia, por exemplo. Como eu disse acima, quanto mais cedo descoberto, melhor! Como eu disse também, o tratamento varia de acordo com vários fatores. No meu caso, passei por quimioterapia, cirurgia, estou fazendo radioterapia e hormonioterapia. A quimioterapia é um tratamento que mexe muito com o organismo, parei de menstruar na segunda sessão da mesma e sinto todos os sintomas da menopausa. Ainda que a menstruação volte, não é aconselhável que eu engravide nos próximos 10 anos, primeiro porque estou tomando tamoxifeno, segundo pela descarga hormonal no organismo. Durante a quimio, perdi o paladar e a sensibilidade dos dedos das mãos e dos pés. O paladar retornou rapidinho, a sensibilidade dos dedos ainda não. Em relação a radioterapia, assim como outros tratamentos, a quantidade de sessões varia de uma pessoa para outra. Conheci pessoas que fizeram 9, 12 ou 20 sessões, como o meu câncer já estava avançado e sou relativamente nova, fiz 29.  Como efeitos colaterais da radioterapia, algumas mulheres ficam com queimaduras, a região da mama escurecida, sentem cansaço e dores no corpo. A hormonioterapia é feita com o citrato de tamoxifeno, o qual deve ser tomado todos os dias, durante 10 anos. Caso entre na menopausa nesse período, o tamoxifeno é substituído pelo anastrozol. A mulher que ja teve câncer de mama deve cuidar mais ainda da alimentação e fazer atividades físicas, pois o aumento da gordura aumenta a quantidade de hormônios no organismo, o que aumenta o risco de ter um novo câncer.

ACABOUUUUU!!! Mas continua...

Na segunda-feira, dia 24 de outubro de 2016, foi minha última sessão de radioterapia. Ontem tive alta do médico e assim o tratamento acabou. Ehhhhh!!!.Porém, o tratamento de câncer de mama é igual BBB, um programa que não acaba quando termina (tosco, eu sei). Comecei a tomar o tamoxifeno em agosto e continuarei com ele por 10 anos se eontinuar viva até lá, e só então poderei dizer que estou curada.
A princípio voltarei no oncologista e mastologista a cada 3 meses, no primeiro ano; a cada 4 meses, no segundo ano, e assim vão me soltando aos poucos.
Fiz várias sessões de fisioterapia para a recuperação do movimento do braço, mas infelizmente perdi bastente mobilidade com a radioterapia, assim, continuarei de licença do trabalho, para uma fisioterapia mais intensa. Provavelmente terei que fazer drenagens também, pois meu braço inchou um pouco.
Ah, no post passado eu havia dito que sentia algumas dores... graças a Deus não eram nada sério, tudo se resolveu com um frasco de lactulona.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Dores

Hoje acordei de madrugada com o coração disparado e sentindo algumas fincadas no tórax. Tenho sentido essas fincadas há algum tempo, no tórax e no abdome, às vezes nas costas também. À tarde vou mais cedo para a radioterapia, ver se tem algum médico de plantão. Acredito que seja reação comum ao tratamento, mas não custa nada olhar, né?

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Atualizações Parte 3 - Radioterapia

Comecei a radioterapia no dia 13 de setembro, há uma semana e pouquinho. Serão feitas 30 sessões. Até o momento não tenho sentido o cansaço que algumas pessoas disseram ter sentido, pelo contrário, bato perna o dia todo, saio com as amigas, enfim, vida normal. Apenas a minha pele está começando a ficar dura tanto na mama quanto nas axilas, mas minha fisioterapeuta ja está cuidando disso.

Atualizações Parte 2 - Cirurgia

Minha cirurgia ocorreu no dia 27 de julho, no Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, em BH.
Foi realizada uma quadrantectomia da mama esquerda, com retirada do setor central da mama, inclusive mamilo, e esvaziamento da axila esquerda. Também foi retirado um fibroadenoma na mama direita.

Cheguei e saí do bloco bastante tranquila, confiei muito na minha médica, Dra Monica Pimentel. Precisei ficar um tempo com o dreno, menos tempo do que o previsto inicialmente, porque entrou ar e retirei antes da hora.

Hoje, dia 22 de setembro, ainda estou fazendo fisioterapia para recuperar a mobilidade do braço.

No intervalo entre a cirurgia e início da rádio, aproveitei para passear. Havia adquirido ingressos dos jogos Olímpicos e, com a liberação da minha médica, segui para o Rio de Janeiro 20 dias após ser operada. Esse passeio foi muito bom para que eu conseguisse me desligar um pouco do tratamento.


Atualizações Parte 1 - Quimioterapia



Terminei a quimioterapia no dia 20 de junho de 2016. Posso dizer que os sintomas mais comuns foram:

  • Na quimioterapia vermelha: enjoos, vomitos e cansaço. Todos intensos nos dias da aplicação e mais leves ou inexistentes dos demais dias.
  • Na quimioterapia branca: Sonolência no momento da aplicação; cansaço, que foi ficando mais intenso no final do tratamento; perda do paladar a ponto de não ter diferença entre comer um pedaço de bolo de chocolate e um enroladinho de salsicha e, claro, perda das veias. 
No final foi ficando bem dificil encontrar minhas veias. Eu morria de medo de precisar furar no pulso ou nos dedos, mas, graças a Deus, não foi preciso. Me arrependi de não ter usado o cateter e essa é uma dica que deixo para quem começará o tratamento.
Tive muito medo de engordar com a quimio, pois entrava na internet e só lia relatos de pessoas que engordaram 10 quilos durante a quimioterapia e mais 20 quilos com o tamoxifeno (exagerando um pouco...hihi). Mas, céus, eu já estava gorda, e precisava urgentemente emagrecer. Então voltei correndo para as atividades fisicas: pilates, dança, caminhada e procurei uma nutricionista. Pela primeira vez na vida segui uma dieta por mais de 5 meses, claro que a quimioterapia deu uma forcinha, com os enjoos e perda de apetite, mas eu estava bem determinada. Assim, comecei a quimioterapia no dia 11 de janeiro de 2016 pesando 83,5kg e terminei com exatos 70kg. U-huuuuu!!!!

Devido à dieta, a minha imunidade não caiu. Sempre comia bastante couve ou outra verdura verde escura, chupava laranja depois do almoço para reter o ferro, as vezes fazia suco de inhame para limpar o sangue. Nos primeiros meses não comia nada de carne, mas vendo que meu cabelo não voltava a crescer, acabei incluindo mais proteínas para dar força.

Minha opinião sobre a quimioterapia: um tratamento chato, que mexe com todo o organismo e com o psicológico também, mas que para mim e da maneira que eu me encontrava quando recebi o tratamento, não foi nenhum bicho de sete cabeças, no final fiquei até triste quando terminou, pelas amizades que fiz e carinho que recebia em todas as sessões.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Reta final - O esgotamento.

Após 6 meses de rotina de tratamento, com as veias tendo sido furadas mais de vinte vezes, eis que chega o esgotamento. Esgotamento das veias, que quase não apareceram na última sessão, esgotamento físico, mental, emocional, psíquico... Não tenho tido forças para nada nos últimos dias e, pra completar, também não tenho conseguido dormir a noite, o que me deixa ainda mais cansada. Meu paladar sumiu de vez. Independente do que eu venha a comer, tudo tem gosto de borracha. Comer um pedaço de pizza, de bolo ou uma fruta não faz a menor diferença no meu paladar, tenho sempre a sensação de estar ingerindo um pedaço de chinelo. Sinto dores nas articulações, fraqueza muscular, dor de cabeça e um imenso abatimento emocional e energético.Só faltam duas sessões para tudo acabar. Vamo que vamo...