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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Mais dois dias de consulta e exame

Hoje acordei cedo, peguei os resultados dos exames de sangue e raio-x do tórax e parti para Belo Horizonte. A Mônica havia me dito que eu poderia voltar com o que tivesse em mãos para conversamos sobre a cirurgia. Para reduzir as idas e vindas nas estradas, que foram muitas na semana passada, me dei ao luxo de fazer uma reserva em um hotel em frente ao Pátio Savassi. Pretendo passar uma noite de relax, assistindo Star Wars VII, comendo pipoca e vendo as amigas. Amanhã será o dia da cintilografia, um exame que tem 6 horas de duração e serve para verificar se há alguma metástase nos ossos. Deus queira que não!!!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Primeira visita ao oncologista

Na última quinta-feira, acordei cedo, fiz exames de sangue, endoscopia e  voltei a Belo Horizonte para fazer a biopsia do nódulo da mama direita e me consultar com o oncologista.

A biopsia foi rápida e indolor, o médico me disse que, por algum motivo que só Deus sabe, até o momento eu estive fora dos trilhos, mas que agora as coisas irão caminhar da maneira correta.

Eu contei nas outras postagens que fazia exames regularmente desde 2010. Todavia, sempre viam o nódulo maior da mama esquerda, que é fibroadenoma, o carcinoma estava bem acima dele, era menor e nunca havia sido visualizado nas mamografias e ultrassons, por estar bem próximo ao mamilo. Assim, não temos como saber quando ele surgiu e por isso essa semana fiz vários exames de estadiamento.

O consultório do oncologista, Núcleo Hematológico e Oncológico, é bem próximo a Redimama (com i mesmo e tudo junto) onde faço as biopsias e deu pra ir a pé. O médico foi indicado pela minha mastologista, que é muito boa, e através da internet vi que o currículo do mesmo era bom, o que me deixou segura.

No início, achei o médico meio caladão, mas como eu tinha uma lista de perguntas a serem feitas, a conversa começou a fluir bem. Ele não teve nenhuma pressa em me atender, respondia a todas as perguntas com muitos detalhes. Uma delas foi sobre a utilização da touca hipotérmica para os cabelos não caírem. Ele respondeu que isso é mais marketing, uma vez que o sangue continua circulando com o remédio da quimío ao longo da semana e, se fosse o caso de barrar a circulação na cabeça, então também não estaríamos prevenindo uma metástase neste local. Assim, optei pela carequice.

A consulta durou 2 horas e meia e no final estávamos rindo e conversando sobre os episódios de Star Wars. Ele me disse que é só mulher mesmo para aguentar fazer endoscopia, pegar estrada para BH, fazer biópsia e depois ir se consultar como se nada estivesse acontecido,isso  "homem não aguenta não", disse ele.

Antes de ir embora, pedi  me levasse na sala onde é feita a quimioterapia. Ele, muito prestativo respondeu: "Vamos ao tur", e me levou no quinto andar do mesmo prédio. Não é dos locais mais alegres do mundo, mas é onde irei fazer minhas 16 sessões de quimioterapia, então é bom ir me acostumando...

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A Descoberta e o Nome do Blog


Foi em uma quarta-feira, dia 9 de dezembro de 2015. Saí de Ouro Preto e segui para Belo Horizonte somente para buscar o resultado da biópsia. Havia marcado retorno à médica no dia 11, mas  minha intuição gritava tão forte sobre o resultado do exame que eu não quis esperar.

Na estrada, chorei pela segunda vez, ouvia músicas  e fui pensando em minha vida e no resultado. Em um determinado momento, enxuguei as lágrimas e disse a mim mesma: "Mas que bobeira, é fibroadenoma, menina! Você faz exames há cinco anos e sempre deram benignos, vai dar de novo!" Mas, imediatamente, veio a imagem do médico segurando minhas mãos, após a ultrassonografia, para me lembrar que desta vez eu não havia ganhado tapinhas nas costas e um simples "Vai com Deus, vai ser nada não".

Sabendo que eu iria buscar o resultado, mesmo eu dizendo que não era preciso,  minha mãe saiu de Viçosa bem cedo, para estar em Belo Horizonte no horário em que eu fosse para o laboratório. Almoçamos juntas no Pátio Savassi e pegamos um táxi.

Chegamos rapidamente ao laboratório, mas tivemos que subir as escadas porque o elevador estava com defeito. Foi só um lance. Me apresentei para a recepcionista, que me entregou o envelope contendo o que aconteceria com a minha vida nos próximos meses.

Sentei, abri o laudo, desci os olhos para a conclusão e me deparei com a palavra 'carcinoma'. Com a vista embaçada, corri os olhos pelo papel, sem conseguir focar em nada. Neste momento,  minha mãe já me olhava com os lábios entreabertos e os olhos arregalados e fixos, esperando por uma resposta.

Nao vou dizer nada. Pensei. Mas ela vai perguntar...
Então vou dizer que é benigno. Mas uma hora ela vai saber...

 - Mãe, é cancer.
 - Como assim?
- Vamos para a médica, vamos resolver isso.

A médica me atendeu dois dias depois. Após toda aquela conversa inicial, minha mãe perguntou sobre as chances de cura. A médica com a docilidade de sempre, respondeu:

- Quem cura é Deus. Nós médicos somos uns instrumento, temos o conhecimento técnico, fazemos o melhor que podemos.

Lembrei-me do ultrassonografista segurando minhas mãos e dizendo que o resultado da biopsia estaria nas mãos de Deus. Agora ouvia que minha cura também dependeria Dele.

Lembrei-me do filme " A Culpa é das Estrelas", que conta a história de dois adolescentes que lutam contra o câncer. Porém o que ficou para mim é que o Céu também tem o poder de curar.

O médico trata, o paciente luta, mas a cura, A Cura é das Estrelas!!!

Ressonância Magnética e Core-Biopsy

Sou daquelas pessoas que não pode ver uma palavrinha diferente que corre para o Google. Ressonância magnética já era uma palavrinha bastante conhecida porque fiz cirurgia da coluna em dezembro de 2014, e já estava acostumada a entrar na "nave espacial" para acompanhar  minha hérnia. Aliás, não só pela coluna, mas também por crises de enxaqueca que já me fizeram correr  para o neurologista inúmeras vezes pensando estar a beira da morte - sempre exagero no meu diagnóstico -, e por aqueles linfonodos no pescoço, que relatei na primeira postagem - lembram? -  eu já havia entrado algumas vezes na barulhenta e claustrofóbica cabine.

 Talvez por isso, me estranhou entrar lá dessa vez para analisar a minha mama. Vinha acompanhando meus nódulos desde 2010 e jamais haviam me pedido ressonância. Fiquei me perguntando: por que não haviam me pedido antes? E porque haviam me pedido agora?

Foi então que corri para o Google e joguei: "ressonância magnética das mamas". O Google me respondeu que esse realmente não é um exame muito usual para as mamas, sendo pedido somente em casos específicos, como o de suspeita de câncer.

Achei a médica uma fofa, muito cuidadosa e só. Afinal, já sabia que se tratava de fibroadenomas às 9 horas na mama direita, às 3 horas na mama esquerda e retro aureolar na mesma mama, como martelavam todos os resultados de exames a cada 6 meses, desde o ano de 2010.

Dias depois, peguei o resultado da ressonância, que agora acusavam linfonodomegalia de 4,0 cm, ao invés dos 2,3 cm encontrados na mamografia,  e segui para o laboratório onde estava marcada a core-biopsy. Como foi encaixe, sentei e esperei por vários minutos, até que o médico entrou pela porta de vidro apertando as mãos de todos que o aguardavam, tipo líder religioso entrando para uma celebração. Achei diferente e sorri para ele.

Minutos depois fui chamada. Fiz o procedimento, que doeu bem menos do que eu esperava, mas no final, uma coisa diferente aconteceu... Desde então, todas as vezes que fazia exames, os médicos davam aquele tradicional tapinha nas costas dizendo terem certeza de não ser nada. Desta vez, ao final, o médico segurou as minhas mãos e disse: "Simone, fizemos o que tínhamos que fazer e agora o resultado está nas mãos de Deus.  Queria te dizer que de qualquer forma tudo vai dar certo. Se o resultado for benigno vai dar certo e se não for vai dar certo também". Ora, mas se era para ser benigno por que seguraria as minhas mãos e falaria dessa forma? Pela primeira vez em cinco anos eu chorei, não de preocupação, mas pela surpresa, pelas palavras inesperadas. "Não fique assim não, vai dar tudo certo, você está nas mãos da melhor médica" disse ele confirmando minha suspeita.


Simone e o mundo dos exames!

Todos os anos é a mesma coisa no mês de outubro. Seja na TV,  no local de trabalho, nas escolas, lá está ela, a famosa fita rosa, nos avisando sobre a importância da prevenção. Por ser uma pessoa extremamente preocupada com a saúde, vivo indo ao médico e fazendo exames o tempo todo.

Com a mama não foi diferente. Em 2010, quando ainda trabalhava em Belo Horizonte, senti alguns nódulos  e, de lá para cá, fiz uma bateria de exames como biópsia e punção dos nódulos, zilhões de exames de sangue (só em 2015 foram uns 20) mamografia, ultrassom da mama, sempre dando Bi Rads II , no máximo Bi Rads III. 

Até então a orientação era de acompanhar de 6 em 6 meses, com exames de mamografia e ultrassonografia, para detectar possíveis mudanças no tamanho dos nódulos.

Sobre a  interpretação dos Bi-Rads, de acordo com o site http://www.sbmastologia.com.br/cancer-de-mama/rastreamento-diagnostico-cancer-de-mama/como-interpretar-resultado-do-seu-laudo-2.htm podemos dizer que:

"I: Quando o médico relator atribui BI-RADS®I ao exame significa que ele não encontrou nada.
II: Quando o médico relator atribui BI-RADS®II ao exame significa que ele encontrou algo, mas que ele tem certeza ser benigno (portanto não é câncer com certeza). Na prática, tem o mesmo valor que o BI-RADS®I, pois não traz nenhuma ameaça à paciente e requer apenas as recomendações habituais para saúde mamária (mamografias anuais, por exemplo).
III: Quando o médico relator atribui BI-RADS®III ao exame significa que ele encontrou algo no exame que quase com certeza é benigno. Para paciente que se enquadram nessa categoria, habitualmente é recomendado apenas um acompanhamento com o mesmo exame em seis meses. É comum, ao descrever achados BI-RADS®III, usar-se a expressão "achado provavelmente benigno". Esse termo não deve trazer insegurança à paciente. Na verdade, a chance de um achado classificado como BI-RADS®III ser câncer é mínima, menor do que 2% (ou seja, mais de 98 pacientes entre 100 que recebem essa classificação não têm câncer de mama). Além disso, já foi provado que nesses casos, mesmo que a lesão venha a ser um dos raros casos de câncer que não parece ser câncer (um verdadeiro "lobo em pele de cordeiro"), na grande maioria das vezes após seis meses a doença estará em fase curável, sem que haja prejuízo para a saúde da paciente. Vale enfatizar que o acompanhamento semestral é considerado seguro no mundo todo para esses casos, e baseado em amplos dados de pesquisas clínicas.IV: Quando o médico relator atribui BI-RADS®IV (4), significa que ele achou algo no exame que precisa de uma amostra física para ser estudada ao microscópio. O procedimento de colher essa amostra se chama biópsia. Nessa categoria, a chance de que a paciente tenha câncer vai de pouco mais de 2% até 95%. Todos os achados nessa categoria precisam de biópsia, mas ela foi subdividida em três grupos com risco diferente de que seja encontrado câncer (a, b, c). No grupo 4a, temos quase certeza que o resultado será benigno (risco em torno de 10%), mas não achamos seguro esperar seis meses para saber o resultado. No grupo 4b, o risco é um pouco maior, mas em geral é de menos de 50%. No grupo 4c, o risco já é de mais de 50%, mas menos de 95%."

Assim, tendo os meus exames sempre dado Bi-Rads II, em sua maioria, e Bi-Rads III, pouquíssimas vezes, eu voltava de tempos em tempos ao médico apenas para dar um "Olá!" aos meus nódulos benignos e ver se estavam bem, felizes e confortáveis.

Para melhor localizarem os nódulos, os especialistas dividem as nossas mamas como se fossem um relógio, localizando-os em sentido horário. Assim, meus exames sempre detectavam fibroadenomas (nódulos benignos) às 9 horas na mama direita, e dois fibroadenomas na mama esquerda, sendo um retro aureolar e outro próximo às 3 horas.

No ano de 2013 senti o nódulo retro aureolar da mama esquerda um pouco diferente, sendo facilmente sentido através de um leve toque. Como de costume, voltei ao mastologista, fizemos novos exames, que confirmaram, mais uma vez, ser um nódulo benigno.

Seguindo o que foi aconselhado pelo meu médico, em 2014 fiz ultrassonografia e mamografia, no primeiro e segundo semestres.

Em 2015 realizei os costumeiros exames no mês de março, dando novamente Bi Rads II. Assim, após 5 anos de acompanhamento dos nódulos, eu já estava convencida de não ter câncer de mama. Fiz vários exames nas cidades de Belo Horizonte, Viçosa e Ouro Preto, tendo sido acompanhada por diferentes médicos e feitos exames em diversos locais.

No entanto, no segundo semestre de 2015, comecei a sentir as mamas um pouco mais doloridas do que de costume, durante o período pré-menstrual. Ao mesmo tempo, senti também a axila esquerda dolorida. Eu havia feito vários exames em linfonodos aumentados na região do pescoço, no princípio do ano, que os havia diagnosticado como reacionais e benignos. Então pensei que fosse coisa da minha cabeça ficar sentindo linfonodo dolorido também nas axilas.

Mesmo assim, seguindo a tradição de fazer dois exames por ano, e tendo sido lembrada pelo excesso de fitinhas rosas, adesivos e cartazes espalhados pelo Campus, voltei ao médico no mês de outubro de 2015. Ao fazer o toque ele detectou o linfonodo aumentado nas axilas e me pediu nova mamografia e ultrassonografia. Como eu já tinha certeza de não ter câncer de mama, fiz os exames e saí de férias por 15 dias para fazer um curso em Belo Horizonte. Ao retornar, peguei os resultados, que traziam o Bi-Rads 0 no laudo e acusaram um linfonodo aumentado com 2,3 cm na axila esquerda.

Tranquilamente, já tendo tido a experiência de linfonodos aumentados na cervical, os quais desapareceram com alguns meses,  tentei marcar o retorno ao médico, que só tinha horário para o dia 15 de dezembro. Sentindo as dores aumentarem, pedi o telefone de uma médica que havia operado uma amiga e segui para Belo Horizonte. A médica, Dr Mônica Duarte Pimentel, extremamente competente, conversou bastante comigo, fez os toques e pediu que eu fizesse, pela primeira vez, a Ressonância Magnética nas mamas, e repetisse a core-biopsy nos nódulos da mama esquerda,  já realizadas em 2011, incluindo, dessa vez, também o linfonodo aumentado.